Circuitos #29
📚 Para ler: O Museu da Rendição Incondicional de Dubravka Ugrešić
Pelos escombros da guerra, do exílio, da memória, da arte, das histórias que são nossas e dos outros, os retratos de humanidade surgem a cada instante. Confusos e dispersos, recortes de existências e contextos desconhecidos, mas facilmente identificáveis, como as dezenas de objetos que Roland, a morsa, tinha no seu estômago quando morreu, em 1961. A narrativa de Ugrešić é um caso raro de universalidade literária - conciliando o confronto da brutalidade do quotidiano com os estilhaços que as decisões de uns poucos atiram aos demais, destabilizando o presente e os microcosmos de cada pessoa. “Os mortos e os vivos, o passado e o presente vivem uma só vida, inseparável.”
Está editado na Cavalo de Ferro.
🎧 Para ouvir: CAOS’A de Rita Vian
Nos últimos anos, Rita Vian tem lentamente firmado o seu nome num lote de promessas da músicas nacional, mas a promessa já se cumpre há mais tempo. Vian trabalhou com os Beautify Junkyards, onde aproveitou para explorar um lado mais experimental; agora, depois de participações e um ou outro single a solo, lança-se finalmente num registo um pouco mais alargado. CAOS’A ainda não é o álbum por que continuamos a ansiar, mas é um cartão de vista certeiro de um talento enorme. Vian recupera uma visão do fado que relembra outras eras - pouco depois da viragem do milénio, foram vários os projetoss que cruzaram o género com eletrónica. Profundos e tantas vezes doloridos, os fados de Vian são contemporâneos do som aos versos, sem perder o rumo à tradição, nem se deixar espartilhar por ela.
Disponível nas plataformas de streaming habituais.
📺 Para ver: Aldina Duarte - Quando Se Ama Loucamente (via RTP Palco)
“Quando se ama loucamente, nada existe de outra forma” - Aldina Duarte deu voz às palavras de Manel Cruz, reiventou-se num tributo a Maria Gabriela Llansol, e criou um álbum que é, até hoje, o auge do seu trabalho discográfico. Nesta entrevista-concerto, a fadista conta as histórias por trás de algumas destas canções. Poesia e o rescaldo de um amor desencontrado transformados em arte, aqui, numa visita de bastidores.
Para ver na plataforma RTP Palco.
🎮 Para jogar: Undertale
Fenómeno de culto, Undertale está repleto de boas reviravoltas e personagens peculiares. À primeira vista, é o típico RPG com batalhas por turnos, mas os ataques dos inimigos são em formato bullet-hell, e podes usar a inteligência, em vez de violência, para ganha combates. Um jogo que vale bem a pena pela escrita, pelas personagens estranhas e pela história única.
Disponível para PC, Mac, Linux e para as principais consolas da atualidade.
🎡 Para ir: Amadora BD
De regresso ao seu formato habitual, o mais antigo festival de banda desenhada do país arranca hoje. O Amadora BD deste ano conta com mais de uma dúzia de exposições, de entre as quais destacamos 80 Anos de Diana, a Mulher-Maravilha: Guerreira e Pacifista, Comic Heart. Uma coletiva de autores portugueses e André Diniz e Marcello Quintanilha: visões brasileiras, todas elas patentes no espaço central do festival, o Ski Skate Amadora Park. Há também oficinas, debates e lançamentos de novos trabalhos. Finalmente, o pequeno espaço comercial com bancas de editoras especializadas também merece a visita.
Até 14 de novembro em vários espaços da cidade da Amadora. Programação completa e informações úteis no sítio oficial do evento.